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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O tempo banaliza




  E olha que era uma corrida rápida, quase desesperada, ao encontro de quem se esperava há tempo suficiente para tornar a dor do coração algo de todo dia, visceral, quase suportável.
  É o tempo que fará parar de sentir a roupa na pele; tempo que mata qualquer sensação consciente porque o que é de todo dia, deixa de ser percebido e passa a ser respiração e peristaltismo. E foi esta corrida até ela que durou o tempo suficiente  para parar, há alguns metros, e ter medo de se aproximar.
  As corridas para o amor são sempre assim. O ímpeto do amor é interrompido pelo medo do que há por vir. O abraço, o beijo, contato de corpos... isso é algo impossível? Haverá mesmo contato? Não. Mesmo que fisicamente haja, emocionalmente não haverá. O amor não existe. É a maior farsa que o homem ja foi capaz de criar.
  Quanto do que se esperou até este momento realmente se realizará? Dias, meses, anos criando expectativas. As temíveis expectativas acumuladas em uma única corrida... Malditas expectativas de uma vida inteira.
  A corrida, a brusca parada, os passos indecisos... o abraço.
  E o fim que nunca, jamais será como as malditas expectativas pintadas no quadro do inconsciente.

2 comentários:

  1. Seus posts são muito interessantes, você escreve muito bem. São intensos.

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  2. Muito bom. Não sabia que seu lado artístico desse origem também a incríveis textos além de a lindas fotos. Carregado de sentimento, profundo... Meus parabéns... Você merece!

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